08/04/2010

Mas sim, por que não?

"É, essa idéia da arte, bem, eu acho que talvez seja mais uma loucura.

A arte que eu quero é aquela que não precisa ser arte para ser."


Acho que é dessa arte que eu falo. Arte é a vida em movimento, a criação inevitável de cada momento, e as sucessivas reações encadeadas, eternas. Presentes instantâneos consolidados em todo um passado. Pode bem ser que eu esteja enganado. Que a arte limite-se sim à condição de metáfora da vida, estudo da forma, lógicas externas à realidade. Sendo esse o caso, que melhor a se fazer, atrás da metáfora da vida, que viver?

Há de se parar de buscar a arte dos modernistas, as revoluções dos franceses. Há de se achar a arte pela vida, não se abandonar a vida pela arte. Não quero me dedicar a uma arte que não produza, que se contente com si mesma, em seu grupo seleto de apreciadores. Quero a arte do padeiro, do lixeiro, do pedreiro, e quero que ela seja a do eu-pintor-poeta-músico-escritor. É querer tudo, e por que não?

Se eu puder tentar, quem sabe achar um passo válido, único que seja, rumo a essa vida holística libertária, com tentáculos espalhados a todos os campos do conhecimento e da atuação humana, então meu trabalho poderá ser continuado por qualquer um que se aplique em algum desses campos individuais. Se eu mostro que há poesia na biologia, um biólogo pode acabar virando pintor, pra quem sabe um dia o físico possa vir a ser cantor. Não sei, há muita gente parada, esperando que algo ou alguém lhes aponte o caminho. Se eu não sei o que dizer-lhes, vou então tentar mostrar. E o que eu tenho é minha vida.

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