06/07/2010

Queria explodir pro presente

Tem um medo constante em algum lugar de mim. Alguma coisa que me amarra, me impede e que no último momento me segura. Sempre.

Um medo de terminar tudo aquilo que eu começo. Uma enchente que sufoca tudo o que eu consigo, com muito esforço, valorizar.

Como que me perguntasse sempre, sempre: "Quem é você pra querer ser feliz?"

Que num segundo derradeiro, muda o foco completamente. De dois palmos na frente do nariz, ao alcance das mãos, prum ponto invisível atrás da minha nuca, a umas dez léguas de distância.

O último passo, sempre ele. O mais banal, o mais óbvio. O que devia aliviar toda a pressão, e se explodir em cor e vento e talvez até em algumas lágrimas.

Mas não vem. Nem as lágrimas eu deixo vir.

É como se eu considerasse redundantes as experiências que eu quase tive; que eu não me deixei viver. E jogasse fora um possível futuro, como se já fosse passado. Examinado, criticado, catalogado e devidamente superado.

Difícil viver querendo sempre estar lá. Difícil cantar um presente possível, sabendo que sou eu que o afasto de mim.

Um bom amigo me disse que pessoas como nós têm dificuldade de lidar com o tempo. Dificuldade de construir. E mesmo quando constróem, não se deixam colher os frutos.

Eu sei que o diagnóstico não é de agora. Sei ainda que tenho visto o fim dessa espiral se aproximar, como nunca antes.

Mas é inevitável pensar se dessa vez eu vou finalmente me permitir desaguar no agora.

Tenho medo, pela primeira vez tenho medo, não de dar o último passo, mas de novamente me privar dele.

Um comentário:

  1. será genético? rsrs

    de outro bom amigo, que alias vc conhece muito bem, ouvi varias vezes, quando tinha a sua idade, não exatamente com estas palavras:

    se joga! a beleza de dar o passo conflitante é, sempre, poder recomeçar...

    lembrando, claro, que tens muita gente pra te apoiar, nos dois casos :))

    feel the force padawan

    bjo

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