Tem um medo constante em algum lugar de mim. Alguma coisa que me amarra, me impede e que no último momento me segura. Sempre.
Um medo de terminar tudo aquilo que eu começo. Uma enchente que sufoca tudo o que eu consigo, com muito esforço, valorizar.
Como que me perguntasse sempre, sempre: "Quem é você pra querer ser feliz?"
Que num segundo derradeiro, muda o foco completamente. De dois palmos na frente do nariz, ao alcance das mãos, prum ponto invisível atrás da minha nuca, a umas dez léguas de distância.
O último passo, sempre ele. O mais banal, o mais óbvio. O que devia aliviar toda a pressão, e se explodir em cor e vento e talvez até em algumas lágrimas.
Mas não vem. Nem as lágrimas eu deixo vir.
É como se eu considerasse redundantes as experiências que eu quase tive; que eu não me deixei viver. E jogasse fora um possível futuro, como se já fosse passado. Examinado, criticado, catalogado e devidamente superado.
Difícil viver querendo sempre estar lá. Difícil cantar um presente possível, sabendo que sou eu que o afasto de mim.
Um bom amigo me disse que pessoas como nós têm dificuldade de lidar com o tempo. Dificuldade de construir. E mesmo quando constróem, não se deixam colher os frutos.
Eu sei que o diagnóstico não é de agora. Sei ainda que tenho visto o fim dessa espiral se aproximar, como nunca antes.
Mas é inevitável pensar se dessa vez eu vou finalmente me permitir desaguar no agora.
Tenho medo, pela primeira vez tenho medo, não de dar o último passo, mas de novamente me privar dele.
Museu dos que Já Foram
Há um ano
será genético? rsrs
ResponderExcluirde outro bom amigo, que alias vc conhece muito bem, ouvi varias vezes, quando tinha a sua idade, não exatamente com estas palavras:
se joga! a beleza de dar o passo conflitante é, sempre, poder recomeçar...
lembrando, claro, que tens muita gente pra te apoiar, nos dois casos :))
feel the force padawan
bjo