Em resposta a isso:
É curioso, minha autocrítica, ou talvez algum perfeccionismo não declarado, costumam destruir meus próprios eus e todas as coisas nas quais eles acreditam, ou quiseram acreditar.
Assim que noto quem sou e o que quero, passo a dar uma ênfase absurda ao processo destrutivo de questionar essa tal certeza.
Como se o momento em que um eu se consolida, se define com total clareza, fosse o momento de abandoná-lo. E o faço com uma mistura de estagnação e desespero, como se parasse assustado num trecho da estrada sem bifurcações, e cobrasse de mim mesmo encontrar imediatamente um outro caminho.
Mas às vezes me vem também a saudade do chão, de algum chão. Ultimamente, sem ter muito o que desconstruir, tenho sentido uma forte inclinação a tentar juntar meus pedaços que eu abandonei por aí. Especialmente porque sei que foram eles, mesmo descontruídos e rejeitados, que me fizeram apontar a vela na direção atual. Talvez a reciclagem desses pedaços esquecidos me proporcionem o vento que falta.
Museu dos que Já Foram
Há 2 anos
once i felt this way...
ResponderExcluirbj
Olá!
ResponderExcluirQue bom que sua resposta virou um texto, gostei mais assim.
(por sinal, acho que já é hora d'eu criar vergonha na cara e colocar o link do seu blog no meu. Quer dizer, eu não te odeio mais. Eu até gosto do que você escreve!)
Sobre essas sensações, acho que duas respostas são possíveis:
A primeira é dizer que aquilo que mais queremos é também aquilo que mais nos assusta. Pode dizer o que for, acredito que temos medo de sermos felizes e livres. Por isso, quando se encontra uma vida nova, tentemos a voltar ao que é confortável, sem energia para lutar pela permanência desse eu.
Por outro lado, também pode ser uma questão de corda bamba. Dizem que os tricksters, os Lokis e os viajantes do mundo andam como que por cima da corda bamba, sem assumir um lado, sem escolher uma forma definida, vivendo entre o paradoxo e o mutável. Mas às vezes, por acidente, eles caem dentro da beleza. E por vezes constroem um eu, com começo, meio, fim e História. Mas no fundo sua natureza nunca vai ficar parada, e eles subirão novamente na corda, para continuar procurando.