"A primeira sensação mais clara que o menino teve foi ouvir. Lig-lig-lé era estimulado concretamente pelo ouvido. Entendia perfeitamente bem certos ritmos contínuos, alguns sons periódicos, e alguns barulhos aleatórios. Os batimentos cardíacos de sua mãe e os do seu próprio coração eram ritmos contínuos, ritmos de base, que o guiavam e lhe davam suporte para integrar todos os outros sons e ruídos, assim como numa orquestra, o ritmo é essencial. Ele escutava seu sangue e o de sua mãe, correndo em suas veias como uma música melodiosa - é tão importante a melodia; escutava os ruídos gástricos e algumas vozes vindas do exterior - são inevitáveis. Suas primeiras sensações foram acústicas. E ele era capaz de organizar os sons, orquestrá-los.
A música é a mais arcaica das artes, a mais profundamente enraizada em nós, porque começa quando ainda estamos no útero de nossas mães. Ela nos ajuda a organizar o mundo, embora não nos faça entendê-lo. É uma arte pré-humana, criada antes do nascimento."
Museu dos que Já Foram
Há 2 anos
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