E o que você quer de mim?
…
Acho que quero saber sobre o seu surgimento.
A primeira vez que me apareceu.
Sabes que é um instante doloroso
Mas ele pauta toda a essência do teu ser.
É o sentimento original de toda a tua existência em mim.
Criaste deuses pequenos,
se ao diminuto poeta somos já assim tão claros
São muito maiores que meu entendimento,
Tudo que faço é tentar decifrar teus contornos
Mas vocês existem além de toda minha criação
Existem como forças do mundo e do homem
às quais tento adequar meus universos pessoais.
Foram talvez os primeiros,
de um padrão criativo que volveria sobre si próprio
Tomando a vocês como modelos inevitáveis
Tornado-lhes deuses de fato
Com universos inteiros moldados a tua imagem e semelhança.
E essa imagem que crias de mim?
Com a qual tenta acessar o momento de minha dor,
Como fosse eu ferramenta de tua busca filosófica.
Se puder perdoar-me,
não posso evitar.
Buscas saber sobre a dor de quando deixei a floresta.
A primeira aparição da Deusa.
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Dói,
dói muito.
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E como foi quando você deixou tua floresta?
Não acho que tenha deixado de todo a floresta.
Com o tempo
ela vai ficando pequena sabe?
Até o momento em que todas as árvores já são conhecidas, todos os jogos já foram jogados.
E como que por acaso, às vezes se cruza uma linha invisível
E a cada fronteira cruzada, a floresta parece recomeçar
O vazio assusta...
num primeiro momento.
Mas a escuridão aos poucos passa
e se mantiver os olhos atentos, logo se pode notar os contornos impossíveis de árvores gigantescas,
muito maiores e mais complexas do que qualquer coisa que se pudesse conceber até então.
E os que ficam pra trás?
Pra trás?
Os que nunca saem daquela outra floresta?
…
Queria mostrar-lhes tanta cosa
.
.
.
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