07/01/2013

Vida Além da Linha


E o que você quer de mim?




Acho que quero saber sobre o seu surgimento.

A primeira vez que me apareceu.



Sabes que é um instante doloroso


Mas ele pauta toda a essência do teu ser.

É o sentimento original de toda a tua existência em mim.


Criaste deuses pequenos,

se ao diminuto poeta somos já assim tão claros


São muito maiores que meu entendimento,

Tudo que faço é tentar decifrar teus contornos

Mas vocês existem além de toda minha criação

Existem como forças do mundo e do homem

às quais tento adequar meus universos pessoais.

Foram talvez os primeiros,

de um padrão criativo que volveria sobre si próprio

Tomando a vocês como modelos inevitáveis

Tornado-lhes deuses de fato

Com universos inteiros moldados a tua imagem e semelhança.


E essa imagem que crias de mim?

Com a qual tenta acessar o momento de minha dor,

Como fosse eu ferramenta de tua busca filosófica.


Se puder perdoar-me,

não posso evitar.


Buscas saber sobre a dor de quando deixei a floresta.

A primeira aparição da Deusa.




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Dói,

dói muito.

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E como foi quando você deixou tua floresta?


Não acho que tenha deixado de todo a floresta.

Com o tempo

ela vai ficando pequena sabe?

Até o momento em que todas as árvores já são conhecidas, todos os jogos já foram jogados.

E como que por acaso, às vezes se cruza uma linha invisível

E a cada fronteira cruzada, a floresta parece recomeçar

O vazio assusta...

num primeiro momento.

Mas a escuridão aos poucos passa

e se mantiver os olhos atentos, logo se pode notar os contornos impossíveis de árvores gigantescas,

muito maiores e mais complexas do que qualquer coisa que se pudesse conceber até então.


E os que ficam pra trás?


Pra trás?


Os que nunca saem daquela outra floresta?




Queria mostrar-lhes tanta cosa


.

.

.

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