31/03/2010

Desespera-te, grita e chora; que faz bem

Olhai bem capitani
Di-me o que vês
;

Senta ao sol, no limite da proa
Procura a tão sonhada maré boa
Mira sem rumo o horizonte
eternamente longe
qualquer seja o presente

O que procuras muito bem se esconde;

Longe muito longe, aperta os olhos contra o espelho
Contra mim, e também contra si mesmo
Enxerga além da linha, além da beira
além da vida, além do mundo

Encontra que o futuro tão sonhado não existe
Desespera-te, grita e chora;
que faz bem

Mas no momento de tão amarga derrota
não se sabe se concreta ou filosófica
lembrai de não abandonar o navio

As velas rasgadas pelo dia
A vida deixada por um fio
A idéia livremente abandonada
Mas também livre pra ser livre,
aleatória, e inétida em sua aleatoriedade

Qualquer o rumo traz consigo
os equívocos todos de quem o traça
E o sol que faz crer na paz inata
consome homens inda vivos,
qual urubu sobre carcaça

É no abandono inconsolado
de um navio não abandonado
que nascem os lúcidos poetas

;

A deriva traz consigo o ás na manga
dos que buscam um futuro impossível
tornado inalcansável pela própria idéia estática

Quando desprende a direção dos passos
do confortável conformismo convencido
de um mundo já todo se-entendido
O impossivinalcansável
se torna, talvez, meramente improvável

4 comentários:

  1. nossa, muito lindo... quem escreveu?
    bjsss

    ResponderExcluir
  2. gostei especialmente da ultima estrofe..

    bj

    ResponderExcluir
  3. HAhauha essa Mina perguntando qm escreveu
    fooi fodaaa ahaha .... Muito bom esse principalmente
    a ultima estrofe ou verso hehe nao lembro o q e o q

    ResponderExcluir
  4. Gosto de oscilar entre os passos bem direcionados e inspirados e o desprendimento mediante uma derrota "concreta ou filosófica".

    Gostei muito do texto.

    ResponderExcluir