16/07/2010

Impotência Fabricada

Quão inútil é abraçar a causa
dos deprimentes poetas urbanos
Filhos tortos de um febril isolamento humano
Acreditam carregar nas costas
as dores todas do mundo

E como sofrem por sofrer
Sabendo sempre sem querer saber
que olhando um pouco mais de perto
não se vê nos rostos deformados por concreto
nada além da própria barba por fazer

Ajoelhados frente à máscara
choram pra dentro podres lágrimas de crocodilo
despercebidas à fiel cara indiferente,
Choram a distância entre as pessoas
mas o fazem de sua própria distância arquitetada
Do mundo, dos outros
de si mesmos

Lutam com armas falsas
Amam com falsos beijos fictícios
E explodem às vezes, em cantos tão belos
de sonho, de vida e de cor,
Como se quisessem derreter com versos
o metal frio no qual moldaram a própria carne

Mas o mundo não muda no verso sem dor
O dia não nasce,
se o céu estrelado da noite
se apega demais ao brilho da lua
e esquece que o pálido branco n'água do mar
é reflexo morto de luz refletida
e que o peito pesado, a emoção reprimida
só podem explodir de fato
na violência das chamas de um novo amanhã

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