24/04/2010

Diz da poesia alguma coisa

Fantástica farsa barroca
Simétrica fuga em Si
Pausa em semibreve
e põe a pensar com cuidado:
se escreve, esquece de ti

Te passa por todos os dias
Te enche, te cobra, esvazia

Não sabe se sabe ou se soube
se cabe, cabia, ou se ouve
Mas de fato ouve o quê?

Um prato, um copo
três lados opostos
Da vida só sabe o que lê

Existe pois vez mais cruel
que aquela que fala
do azul e do céu?

Que tanto cala
e esquece o que viu
Deixa o mundo passar
do outro lado de um rio

Barril, gentil, funil
eternamente suspenso
atrás de rima que caiba
que caia, sem cair
pra que outros possam ouvir

Queria é saber mais de mim

Poetas, poetas.
são mortos profetas
Não vivem em obras,
nem cantam mais cantos do agora

Vivem todos em mim
e me mata viver só eu e os mortos

Um comentário:

  1. além de tí e dos mortos tem também quem sempre vem aqui deixar um alô no ponto de encontro, mas nunca realmente encontra ninguém :)

    saudade, curti os versos.

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