Ergo a palavra novamente
Me sai da boca um som que já não conheço
Se contorce no olhar que não espelha mais de mim
E aos olhos já parece todo diferente,
Como tudo novo de novo
Não posso tirar do tempo a tortura do ócio
Nem posso dizer que foi tudo em vão
Não passam os anos nem somam-se as horas
Nem volta por força da mente
A infância sumida num raio de azul
;
Das vidas vivi a dos tolos
Auto coroados reis de um grande nada
Mas o fiz com meus próprios dias
nadando cada braçada
Busquei o fim secreto de todas as coisas
O atalho comum a todo caminho
Quis ver, além da próxima curva,
a última dúvida dissipar-se em risada final
de felicidade enfim alcançada
Perdido há tempos em rede de mim
matei aos poucos o muito que sou
Quis mostrar tudo aqui
Quis mudar tudo agora
E virei contra o vento
Esqueci-me da aurora
Constato enfim que não há
nem nunca houve,
nada além daquilo que é
e que tal felicidade
não existe senão nos lagos do agora,
onde nadam as coisas todas da vida
Museu dos que Já Foram
Há 2 anos
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